Quarto do Kenneth

- Então é melhor eu ir para casa. - disse assim que ele disse que precisava de descansar mas assim que ouvi o grito do pai deles, dei um salto por não estar nada à espera - Quer dizer, não sei se é o melhor. - disse com um suspiro e olhei para o Kenneth novamente - Queres que vá lá falar com ele? Assim descansas e a Brianna também. - encolhi os ombros.

Eu ia dizer que não era preciso, mas assim que o meu pai gritou eu engoli em seco e abanei a cabeça - não, podes ir, eu trato dele - já tinha percebido que ele estava perdido para descarregar em alguém, preferia que fosse sem ela cá em casa. Fiz um esforço para me levantar e estiquei uma mão na sua direcção para a ajudar a sair - obrigado por teres tratado de mim. - olhei para a minha irmã - e pelo resto.

Assenti com a cabeça e tirei um papel da minha mala para escrever o meu número de telemóvel - Se precisares de alguma coisa por causa da ferida ou das aulas da Brianna, podes ligar-me. - disse-lhe com um pequeno sorriso. Disse adeus à Bri com a mão e encolhi os ombros assim que o Kenneth me agradeceu - Não precisas, eu fiz e vou fazer tudo porque quero, não é obrigada. E vou ao hospital agora.

Olhei para a porta ouvindo o meu pai na cozinha, estava a mexer em tachos e panelas, pelo barulho. Agarrei no papel que ela me dava e assenti com a cabeça - eu telefono-te amanhã por causa da Brianna - disse-lhe mordendo a parte de dentro do lábio abrindo a porta do meu quarto, indo até à porta que dava para as escadas - mesmo assim, obrigado - encolhi os ombros.

Assenti com a cabeça e sai do quarto do Kenneth, caminhando atrás dele para sair de casa - Está bem, depois combinamos isso. - fiz uma pequena careta quando ouvi a barulheira que o pai dele estava a fazer na cozinha e encolhi os ombros novamente - De nada. - disse com um pequeno sorriso - Boa sorte. - disse mais baixo antes de abrir a porta da rua.

Sorri quando me disse boa sorte e beijei-lhe a testa como despedida - obrigado - murmurei começando a fechar a porta. Assim que o fiz suspirei mal vi o meu atrás de mim com uma frigideira na mão. - O que é que vais fazer com uma frigideira? - perguntei vendo-o sorrir. - Baixa isso - disse-lhe.
-Vais-me fazer uns ovos.

Mordi o interior da bochecha e fechei os olhos quando o Kenneth se chegou para mim e me beijou a testa. Assenti com a cabeça e assim que ele fechou a porta, fiquei uns segundos a olhar para a mesma - Tu não estás nada bem, Summer. - respirei fundo e ajeitei o meu cabelo e a roupa - Além de falares sozinha estás completamente passada com o gajo que te arruinou a vida. - abanei a cabeça para parar e sai, caminhando para minha casa.

Fui até à cozinha fazer o que ele pediu, até o sentir atrás de mim fazendo-me virar para ele. - A miúda Grant já foi? - perguntou com um sorriso nojento fazendo-me assenti com a cabeça. O seu sorriso aumento e só tive tempo de sentir um murro a na zona do maxilar. - Tu sabes que eu não gosto de ter cá desconhecidos - disse-me entredentes.
-Ela só esteve a cuidar de mim - disse agarrando ao meu maxilar que doía. Ele abanou a cabeça indo embora para a cozinha. Suspirei fechando os olhos e fui até ao lava loiça cuspindo o sangue da minha língua visto que a tinha mordido durante o murro. Não era como se não estivesse habituado.

Arrastei-me até ao quarto com a mão colada à minha barriga e deitei-me.
-Outra vez não - murmurou a minha irmão com os olhos cheios de lágrimas. Ela aproximou-se tocando no meu sítio magoar fazendo-me fechar os olhos com a dor. - Estou farta que ele te faça isto Ken - estiquei os dedos até lhe limpar as lágrimas e puxei-a mais para mim, abraçando-a.
-Se ele não fizer a mim, faz a ti. Vou proteger-te sempre. - disse baixinho.

A minha irmã insistiu em se levantar quando o pai saiu, foi buscar a caixa de primeiros socorros e veio tratar do meu lábio que tinha ficado um bocadinho aberto com o impacto. Fiz uma careta enquanto ela o desinfectava, mas depois passou. - Anda, agora vais dormir - disse agarrando nela para a deitar ao meu lado, agora era como se aquele quarto fosse partilhado. Ela sorriu agarrando-se ao meu peito e adormeceu encostada a ele.

Estacionei o meu carro à porta do prédio do Kenneth no preciso momento em que o pai deles estava a sair de casa. Esperei um bocadinho e depois disso, caminhei até bater à porta e fiquei a brincar com os meus dedos enquanto esperava que viessem abrir. Sentia que não devia de estar ali, era tão estranho depois de o ter beijado e querer mais e estava meio ansiosa com os resultados dos exames que eu tinha feito. Queria saber se podia ajudar a Brianna porque se não fosse compatível, ia continuar a arranjar maneira de a ajudar.

Olhei para a minha irmã quando bateram à porta e suspirei tentando mexer-me sem me magoar e sem a acordar ao mesmo tempo. Acabei por conseguir não a acordar mas não se podia dizer o mesmo sobre me magoar. Passei uma mão pela ferida, que estava a melhorar consideravelmente bem, e fui até à entrada abrir a porta. Abri ligeiramente mais os olhos ao perceber que era Summer. - Hey - murmurei abrindo mais a porta para que ela entrasse.

Continuei a brincar nervosamente com os meus dedos e levantei o olhar assim que vi a porta a abrir. Esforcei-me por sorrir quando vi que tinha sido o Kenneth a abri-la e mordi o interior da bochecha. Era tão estranho, mesmo estranho. Olhava para ele e só conseguia pensar nos beijos todos que tínhamos dado - Olá. - disse entrando devagarinho dentro de casa dele assim que abriu melhor a porta para eu conseguir passar - Como é que está a tua ferida? - perguntei desviando o meu olhar para essa zona.

Depois da minha irmã me ter ajudado a desinfectar alguma das feridas que tinha e a pôr gelo noutras, fui deitar-me durante um bocado deixando eu fosse ela a fazer o comer, ele já tinha descarregado tudo, por isso esperava que a minha irmã não levasse por tabela. Aí sim, se ele tocasse nela eu era capaz de mata-lo. Fechei os olhos puxando as mantas para cima de mim e suspirei quando me lembrei dos lábios de Sum a beijarem os meus, eu tinha sido um estúpido, mas isso também não era uma coisa que eu não me admirasse.

-Ela odeia-me - murmurei só para mim, ou pensava eu porque a minha irmã, que devia estar a fazer a cama dela veio ter comigo e sentou-se ao meu lado com um revirar de olhos.
-Ela não te odeia, tu és parvo para ela e ela mesmo assim adora-te - desviei o olhar para Bri com um revirar de olhos.
-Sim, ela adora-me - revirei os olhos com a minha ironia e ouvi-a rir-se e agarrar-se ao meu pescoço.
-Ela adora-te sim.

Quando o meu pai chegou fui obrigado a ignorar a minha irmã e levantar-me para ir até à sala com ele. Ele olhou-me todo ameaçador e cheirava pior que o normal tendo eu que ir abrir as janelas. Ele pediu-me comer como sempre e eu fui fazê-lo sem dizer o que quer que fosse. Ele só mandava bocas, mas eu queria lá saber. Depois de servido e ter que ir trabalhar de novo deixei a minha irmã a dormir e saí para ir até ao jardim apanhar ar e ver se vendia alguma coisa, que por causa do assalto não andava a fazer nada.