Jardim

Suspirei e aproximei-me, continuando com o olhar fixo no chão; desviei-o para Anne e a pequena olhou-me com os olhos a brilhar.

Sorri ao ver a pequena desfazer o beicinho.
- Obrigada.- declarei, olhando em frente.

Fiz um pequeno sorriso para Anne.
Peguei na estrelinha que tinha em cima e estiquei-a para Anne, pondo a música a dar.

Vi a pequena direccionar o olhar para a estrela.
- É a música amor.- fiz uma voz fofa e sorri.

Ri-me ao ver o olhar curioso de Anne para a estrela e parei quando ouvi uma voz conhecida, e bastante agradável, chamar por mim; virei-me e sorri para o meu pequeno que corria na minha direção.
Baixei-me, abrindo os braços e recebendo-o num abraço apertado.
- Olá gaja boa. - brincou, sorrindo.
- Olá meu príncipe. - mexi-lhe no cabelo, vendo-o reclamar. - Tive tantas saudades tuas.

Olhei o pequeno rapaz, que provavelmente era o irmão dela e voltei a direccionar o meu olhar para Anne, vendo-a fazer beicinho novamente assim que a música acabou.
- Na na, nada de choros.- sussurrei, acariciando a sua face e voltando a pôr a música.

Peguei em Jonh ao colo e vi a outra irmã dele aproximar-se e fazer um pequeno aceno.
Sorri sarcasticamente. Nunca gostara dela...
- Queres conhecer a tua sobrinha?
- A minha quê? - perguntei, olhando Anne.
- A Anne. É a minha bebé.
Jonh sorriu e estendeu a mão, tocando no ombro de Ron.
- E tu, quem és?

Senti uma pequena mão tocar-me no ombro e virei-me, sorrindo para o rapazinho.
- Ron, o namorado da gaja boa.- sorri e estendi-lhe a mão.- e tu...és? - fingi não saber.

Jonh fez uma cara de mau.
- E eu sou o irmão dela. Portanto, respeitinho. - deu-lhe a mão e depois afastou-a. - E agora, posso pegar na Anne?
Assenti.
- Por mim, podes. Mas pergunta ao Ron.
Sentei-o no banco e aproximei-me da irmã de Jonh, Soph.
- Hey. - disse devagar. - Passa-se alguma coisa?
Soph desviou o olhar de Ron e olhou-me.
- Vinha pedir-te que fiques com o Jonh até a vossa mãe o vir buscar...

Ri-me e assenti.
- Prometo cuidar muito bem dela.- gargalhei.
Peguei na pequena, colocando-a cuidadosamente no colo de John.

Jonh olhou Ron, muito sério.
- Não estás a fazê-lo. Ela está triste.


Olhei para Soph.
- Era suposto seres tu a ficar, pelo que sei.
- Sim, mas não tenho paciência. - fez uma pausa. - Oh, tu sabes...
- Está bem, como queiras. - apontei-lhe o dedo. - Para a próxima não te comprometas a ficar com ele.
Soph mordeu o lábio e encolheu os ombros.
- Ficas com ele ou não?
- Fico. Porque ao contrário de ti tenho coração e paciência para crianças.
Ela riu-se.
- Notou-se que tens paciência. Conheceste um gajo e engravidas-te logo.
Olhei-a, completamente irritada.
- Vai-te fod*r, páh. - quase gritei, virando-lhe costas e ouvindo-a rir-se.
- Eii, Ron, depois liga-me. A tua namoradinha tem o meu número. - ela provocou, virando costas e indo para o seu carro.
Olhei por cima do ombro, pronta a matá-la quase fosse preciso.

Cocei a cabeça, ligeiramente embaraçado. Criança esperta hein?
- Pois.- murmurei, sentando-me a seu lado.- mas sabes, às vezes os adultos chateiam-se.- tentei explicar.
Revirei os olhos quando a outra rapariga falou e levantei-me, puxando Chris para ao pé de nós para que não fizesse nada.

Respirei fundo quando Ron me puxou para o banco e debrucei-me sobre as minhas pernas, fitando o chão.
- Estúpida. - resmunguei.
Jonh olhou-me.
- Não lhe ligues. Ela é daquelas raparigas que quer todos...
Respirei fundo mais uma vez e olhei Jonh.
- Ficas comigo.
Ele fez um sorriso rasgado.
- Já não vou ter que comer espinafres ou levar estalos?
Abri a boca.
- Ela fez-te o quê? - guinchei.
Ele encolheu os ombros.
- Esquece, Chris. - olhou para Anne. - Pelo menos fico contigo.

Puxei Chris para o meu colo, beijando-lhe o ombro. Murmurei um desculpa contra sua pele e senti uma espécie de raiva ao ouvir John falar.
- Eu juro que se essa barbie falsificada me volta a aparecer à frente eu a desfaço toda.- resmunguei.

Suspirei e vi Jonh mexer muito os braços; peguei em Anne, voltando a deitá-la e ele abanou os braços exageradamente.
- Tens fome?
Jonh assentiu.
- Ron, vamos?

Assenti, levantando-a do meu colo e levantando-me a seguir.
- Vamos.

Estendi a mão a Jonh e ele saltou para o chão; agarrou num braço do carrinho e andou à medida que eu conduzia o carrinho.
- Tens um quarto só para ti e tudo. - sorri.

Deixei-me ficar um pouco atrás, colocando as mãos dentro dos bolsos. Ela ficara mesmo chateada e mais uma vez a culpa era toda minha.

Olhei para o lado e não vi Ron.
- Importaste de andar? - perguntei, sorrindo levemente. - Nós depois falamos.

Olhei-a, sorrindo ao de leve.
Apressei o passo, aproximando-me deles.

Olhei Jonh.
- Dá a mão ao Ron. - pedi.
Quando ele deu, sorri e atravessamos a estrada.


portao principal

Fiz uma careta por causa de uma dor no sítio em que ele me tinha batido e suspirei interiormente, devia estar negro, ou então vermelho quase roxo. Já sabia como é que o meu corpo reagia à brutalidade dele. Precisava de juntar dinheiro, era isso, precisava de juntar dinheiro para conseguir ganhar o suficiente para mim e para a minha irmã, mas era dificil, principalmente agora. Ela precisava das minhas economias enquanto eu não vendesse, eu não conhecia a zona, não sabia o que é que se fazia por aqui.

Mordi o lábio inferior enquanto passeava e acabei por ir para ao jardim. Tirei a máquina de dentro da minha mala e comecei a tirar fotografias a quase tudo, desde às árvores, a pássaros, a animaizinhos que passavam e até a casais. Comecei a andar para trás quando tentei tirar uma fotografia a uma familia que passava e fiz uma careta quando me senti a embater em algo e quase perdi o equilibrio, carregando na tecla para tirar fotografia. Agarrei na minha máquina com muito cuidado com uma das mãos e estendi a outra para me tentar agarrar. Saltos num jardim, no way, mas eu era anã, tinha desculpa, tinha de andar sempre de saltos ou ainda me confundiam com uma criança.

Quando senti que alguém vinha em direcção a mim tentei desviar-me, mas já não fui a tempo, estava tão distraído que os meu reflexos estavam lentos. Resmunguei baixinho quando senti a máquina fotográfica embater em mim e depois a rapariga a perder o equilibrio, quase a cair. Arregalei os olhos e agarrei na mão puxando-a para a frente, mas assim que a reconheci não consegui não me rir - Dunga!- larguei-a enquanto abanava a cabeça. Sue, Sam, Sumo... Summer. Summer era esse o nome, mas eu chamava-lhe Dunga que era um anão da branca de neve.

Afastei-me dele assim que começou com as boquinhas. Era sempre assim mas agora não me ia afetar minimamente. Já não era a criancinha assustada de antes que levava a peito aquilo que idiotas como o Kenneth diziam. Coloquei a máquina na minha mala e ajeitei o vestido - É Summer. - disse-lhe cinicamente - Mas acho que como os teus pais te deram um nome horrivel, tens a necessidade de alterar o nome das outras pessoas todas.