Jardim

Encolhi os ombros.
- Até podias ter comido todos. Não é nada comigo.
Mordi o lábio, enquanto fotografava outros animais.

- Nunca disse que era. - tirei-lhe uma fotografia enquanto ele fotografava um animal. - E tu? Não deixaste que muitas te marcassem?

Encolhi os ombros.
- Não gosto de qualquer tipo de marcas.
Físicas ou sentimentais...

Fiquei a olhar para ele.
- Isso é um não? Também foi a semana do 'Drew Santo'? - perguntei com um sorriso.

Torci a boca um pouco.
- O Drew tem muitas semanas santas. - acabei por dizer.

Sorri e dei-lhe um pequeno encontrão.
- Um segredo? A Summer também tem muitas semanas santas. Costuma ser muita conversa e pouca ação... mas não contes a ninguém. - sorri ainda mais.

Sorri levemente.
- E o Drew não se aproxima das pessoas.
Olhei o relógio.
- Vou para o estúdio. Queres vir comigo?

Sorri - Não? Olha que não pareceu nada uma semana atrás. - dei um ultimo olhar ao lago e voltei a olhar para ele - Não tenho nada para fazer por isso pode ser... - sorri.

Suspirei, não tinha nada para fazer. Bebi um pouco do meu café e aproximei-me de um jardim, sentei-me num dos bancos a beber o meu café. Coloquei os auriculares nos ouvidos e deixei-me ficar a ouvir música, em seguida fechei os olhos e encostei o corpo a uns arbustos quaisquer.

Depois de passar por casa e tomar um bom banho saí para dar uma volta e tentar conhecer melhor as redondezas. Ao de longe vi uma rapariga que já me era conhecida e caminhei silenciosamente até ela. Agarrei-a por trás - Bu! - gritei puxando-a pela cintura.

Estremeci deixando o café quase cair, olhei para trás furiosa. - Estúpido. - murmurei irritada e afastei-me um pouco para lhe dar espaço para se sentar se quisesse. -Vá tira lá essas patas de cima do meu lindo corpo. - ordenei resmungando. Olhei para ele e encolhi os ombros.

Saltei por cima do banco e sentei-me a seu lado ainda sem a largar - Lá que é lindo é, agora tirar as patas é que já não. - sorri provocadoramente e roubei-lhe o café bebendo um pouco - Café fraco. - resmunguei. Deixei-me ficar calado por alguns segundos e quando ela estava distraída a ouvir música e a olhar as pessoas que passavam roubei-lhe a mala.

Sorri para ele, tinha uma vontade enorme de lhe atirar o café pela cabeça a abaixo... - Pois por isso é que o café é para mim e não para ti. - resmunguei tirando-lhe o café das mãos e bebendo mais um pouco. - Ei, ei ei! - Virei-me instantaneamente para ele. -Deves ser burro, por não perceber que me tinha sentado em cima da alça.-aproximei-me dele.- Dá-me a mala, não queres ver o que te acontece se não me a deres.-refilei e arregalei os olhos para ele, ja começava a ficar irritada.

-Burra és tu por achares que me enganas. - dei-lhe um pequeno empurrão que a fez descair para o lado e tirar o rabo de cima da alça da mala. Levantei-me do banco e afastei-me um pouco abrindo a mala dela. Tirei lá de dentro a carteira e abri-a procurando pela sua identificação - Com que então Madeleine James. - sorri triunfante olhando a pequena fotografia - Confesso que gosto bastante dos ganchos. - gozei.

-Eu não fiz isso para te enganar, apenas para gozar com a tua cara. - Puxei-o para mim tirando-lhe rapidamente a carteira, puxei a sua t-shirt para mim. - Fazer-te de tolo por alguns segundos é o que eu mais gosto de fazer. gozei com ele acabando por me rir, empurrei-o. - Ainda os tenho lá por casa, queres? Ficavam-te bem nesse teu monte de merda.-levantei-me pegando na minha mala com alguma força e coloquei tudo o que ele tinha tirado lá para dentro fechando-a. - Agradeço que não voltes a tocar na minha mala, há uma coisa que se chama privacidade não sei se na tua barraquinha não te ensinaram...- rosnei furiosa e arrumei o ipod no bolso das calças.

-Pena que não tenhas muito geito para a coisa. - sorri cinicamente e continuei próximo dela - Monte de merda é a tua... Olha é melhor eu calar-me porque ainda te ofendo e não estou para ouvir princesinhas a choramingar. - provoquei mexendo no meu cabelo precioso - Peço desculpa por ter violado a tua privacidade querida. - irozei desatando a rir às gargalhadas.

-Ui sim eu vou chorar só porque tu me ofendes, deves achar que tens o rei na barriga. - revirei os olhos e sorri de forma gozona para ele dei um golo no meu café e no ultimo bocadinho que restava atirei-lhe pela a cabeça abaixo começando-me a rir na cara dele. - Então quem é que ri agora? -perguntei mordendo discretamente o meu lábio inferior. - Então!? Não dizias que era fraquinho?-gozei mais um bocadinho.

Deitei-lhe um olhar fulminante e senti a minha cara ficar vermelha de raiva - Passaste das marcas barbie. - tirei-lhe a mala do ombro, não era assim tão estúpido, e peguei nela ao colo tipo saco de batatas caminhando até ao lago que havia mesmo no meio do jardim. Larguei-a e deixei-a cair dentro de água.

-Gostas mesmo de me agarrar. - murmurei enquanto ele me pegava ao colo. -Larga-me.- Gritei bastante aborrecida -Cabrão, mas também não se ia ficar a rir. Puxei-o comigo fazendo o cair do lago também. Dei um mergulho e saí do lago completamente encharcada. - Vais ficar aí muito tempo? -perguntei olhando para a sua cara e soltei uma gargalhada. - Vais pagá-las. - murmurei entre dentes.

-Cabra. - rosnei quando ela me puxou também para o lago. Levantei-me imediatamente e saí do lado atrás dela puxando-a por um braço e quando ela ficou de frente para mim admirando o seu corpo - Já devia ter feito isto há mais tempo. - assobiei.

Queria sair dali o mais rápido possível,ele puxou-me novamente o que me fez revirar os olhos como fazia muita fez. Grrrrr :@ ele dava-me uma raiva.-Isto o quê? - perguntei levantando o sobrolhos. - Esse café fez-te muito mal. - gozei com ele e tirei a camisola molhada ficando com o sutiã do biquini a mostra.Torci a camisola e voltei a vesti-la novamente.- Dás-me uma raiva que nem queiras saber. - pensei ao olhar para os seus olhos.

-Tenho-te a informar que o sentimento é mútuo. - tirei a minha t-shirt e como estava calor deixei-me ficar sem ela - Anda daí que eu levo-te a casa. Não queremos que o Ken reclame que eu tratei mal a sua menina, não é? - agarrei-a por um braço e peguei na mala dela entregando-lha.

Engoli a seco e observei todos os movimentos que fazia a tirar a camisola. mother of god, encolhi os ombros e revirei os olhos. - A menina não vai para casa agora, é cedo.-informei-o começando a andar do parque para fora.- Vens ou ficas? -perguntei revirando os olhos.

-Vais a casa tomar um banho pelo menos. - insisti - Sou estúpido mas não gosto de pessoas doentes. - antes que ela pudesse reclamar levei-a dali para fora e obriguei-a a entrar no meu carro. Com a ajuda das suas indicações de miúda mal humorada conduzi até à sua casa.

Não valia a pena continuar a assim. A Sophie não voltava nem com as alucinações que o álcool e os comprimidos me davam. Nos primeiros dias nem a mim me conseguia suportar, quanto mais aos meus pais. O meu pai falava de guerras, falava em como me fazia bem ir para uma escola militar desanuviar e lutar pelo país, eu não me importaria, mas preferia esquecer primeiro. A minha mãe estava sempre a falar em psicólogos ou então falava em como as pessoas andavam por aí a falar de mim. Eu já nem me importava com o que elas pensavam. Apenas, magoava-me saber que a minha irmã tinha acabado com um gajo porque ele falava mal de mim, não era justo para ela. Demorei duas semanas a convencer a minha mãe que estava a ficar melhor, que podia voltar. Eu tinha gostado mesmo daquilo. A Emilie nunca mais me tinha ligado, logo nos primeiros dias, não me lembro quando, a minha mãe disse-me que uma rapariga loira tinha cá estado a perguntar por mim, mas como eu não estava em condições e tinha dito que não queria ver ninguém ela disse à rapariga que eu não estava. Se fosse ela, então nunca mais a tinha visto, nem a voltaria.. talvez. Bem que se lixe, tinha que continuar a minha vida sem elas e isso inclui todas as raparigas.
Levantei-me da cama e suspirei, vestindo a roupa que tinha arranjado e pegando nas malas.
-Já trazes as malas? – Perguntou a minha mãe a acabar de preparar as torradas.
-Tenho um avião para apanhar mãe, anda cá. – Pedi sorrindo para ela. A minha mãe virou-se para mim já com os olhos vermelhos e veio abraçar-me.
-Eu pensava que ainda tomavas o pequeno-almoço connosco – disse já a chorar. Sorri dando-lhe um beijo na bochecha.
-E isso não vai piorar a situação? – Perguntei e afastei-me ligeiramente. O meu pai apareceu enquanto ela assentia com a cabeça. Ele veio dar-me um abraço rápido à homem, batendo-me com força nas costas.
-Porta-te como deve de ser – assenti sorrindo com aquela semi-ameaça. Já devia ser a 1328340935º vez que ele dizia aquilo.
Ainda tive algum tempo a despedir-me da minha mãe e do meu gato, para depois sair imediatamente de táxi para o aeroporto. Não, ainda não conseguia pegar num carro e conduzi-lo, até andar de táxi me dava arrepios mas isso, tal como as outras coisas teria que superar com o tempo.
Cheguei ao resort já era de noite, mas não queria ir já para casa. Fui apenas pôr as malas lá as malas, ver se a minha irmã tinha chegado, mas como sempre ela não estava. Olhei para o relógio era cedo e eu não me ia meter num bar, mas também não ia ficar em casa a deprimir mais como nestes últimos dois meses. Peguei na minha bicicleta e fui até ao jardim que ficava perto de casa.