Supermercado

Olhei para Summer ainda com a arma na mão a apontar para o homem e assenti com a cabeça. - Estou - disse meio a leste. O homem queixou-se quando Summer lhe deu uma canelada.
-Mas o que é que tu fizeste? - dei um passo para trás quando apareceu outro até nós, ele olhou-me, vendo que estava ferido e respirei fundo - eu disse que não queria ninguém ferido, será que não percebes o que digo? - perguntou agrrando-o pelo colarinho puxando-o para que viesse com ele como se não fosse nada, eu continuei com a arma a apontar na direçcão deles, só a deixando cair quando eles desapareçam do nosso campo de vista.

Arregalei os olhos quando o outro apareceu e ao contrário do que eu estava à espera, agarrou no que estava estendido no chão e levou-o dali para fora. Agarrei no Kenneth, colocando um braço à volta dele para o ajudar a manter-se em pé - Estás bem? - perguntei preocupada mas mesmo antes dele responder continuei - Tens de ir ao hospital. Eu levo-te lá.

Olhei para Summer quando me tentou ajudar e fiquei durante uns segundos a olha-la meio admirado, assentindo com a cabeça quando me perguntou se estava bem. - Como é que me queres levar para um hospital se estamos preso num supermercado? - perguntei agarrando-me a ela, passando a mão pela minha ferida. Pelo menos podia ter acerteza que não me tinha acertado nenhum orgão. - vamos sentar-nos e esperar. - o que era a coisa mais estúpida de sempre.

- Merda. - resmunguei quando me lembrei que ainda estávamos ali presos. Levantei o olhar para ele e suspirei, assentindo com a cabeça - Precisas de ver isso.. precisas mesmo de ir ao hospital rapidamente. - ajudei-o a sentar-se e sentei-me ao lado dele de seguida - Posso fazer alguma coisa? - perguntei mordiscando o lábio.

-Pois - ri-me sem vontade e fechei os olhos enquanto me sentava, olhando-a quando me perguntou se podia fazer alguma coisa. - Queres mesmo sujar as tuas mãos com sangue? - perguntei-lhe enquanto pressionava a minha ferida. - Eu não estou a morrer, podes chorar à vontade - apesar de estar a doer como tudo, já tinha estado em estados piores, pelo menos agora conseguia sentir a doer, o pior era quando nem isso conseguia sentir.

Revirei os olhos quando ele continuou a ser o Kenneth estúpido e irritante de sempre - Estou a tentar ajudar-te, estúpido. - olhei em volta e levantei-me quando vi uns panos de cozinha ali para venda. Agarrei nuns quantos e voltei a sentar-me ao pé do Kenneth, pressionando um contra a sua ferida - Não te preocupes, já vi muito sangue. - mordi o lábio inferior lembrando-me do acidente do meu irmão - E não vou chorar.

-Não precisas - disse olhando para os corredores, não havia ninguém pelos nossos lados por agora, mas ouvia-se gritos de vez enquanto e acho que a policia tinha chegado porque ouvia-se sirenes. Soltei um grito quando, do nada, ela já estava a pressionar a minha ferida e fechei os olhos, cerrando o maxilar e encostando a cabeça à parede. - porra, tem cuidado. - tentei falar baixo.

Mordi o lábio inferior e levantei o olhar para ele - Desculpa. - pedi com um suspiro e continuei a pressionar o pano na ferida dele - Mas tenho de fazer força se não estar com o pano ou não estar é o mesmo. - pôs-me a pensar numa maneira de o distrair para que ele tentasse esquecer as dores - Fala comigo sobre qualquer coisa. Conta-me qualquer coisa. - olhei para ele - Não refiles, conta só.

Quase que via as coisas à roda, não, não estava a morrer, as dores é que eram fortes quando ela pressionava. Fechei os olhos com um suspiro, agarrando no seu tornozelo que estava mesmo à mão, apertando-o ligeiramente Abri-os assim que falou para mim e abanei a cabeça. - Não tenho nada para te contar - disse num tom baixo e eu tentei mesmo pensar em algo, mas não queria contar nada.

Olhei para o meu pulso quando o senti a pressionar o mesmo e mordi o lábio inferior, continuando a fazer pressão na zona da ferida. Levantei o olhar para ele de novo e suspirei quando ele abriu os olhos. Adorava aquela cor, que nervos. Olhei em volta e suspirei - Inventa. Precisas de te distrair, fala sobre qualquer coisa. - pedi - Fazes-me perguntas, sei lá.

Tentei pensar em alguma coisa e puxei-lhe ligeiramente o pulso, mordendo o lábio com um suspiro. - Porque é que és tão anã? - perguntei engolindo em seco mas, antes que ela me magoasse propositadamente para se vingar da tinha estupidez eu comecei a falar da minha irmã que era a única coisa que me vinha a cabeça agora - a minha irmã tem fibrose cistica - disse - ela está a morrer devagarinho e eu não posso fazer nada porque não sou irmão dela. - para quem estivesse a ouvir isto não fazia sentido nenhum.

Revirei os olhos com a pergunta dele e sentei-me melhor ao lado do Kenneth, encostando-me ao peito dele com um suspiro enquanto pressionava o pano na zona ferida. Mordi o lábio inferior com o que ele disse sobre a irmã e levantei o olhar para ele - O que é que ela precisa? Há maneira de a salvar? - perguntei fingindo que não tinha ouvido a outra parte. Não era irmão dela? Isso não importava agora, precisava de o distrair e agora estava com mais pena da rapariga. Ela era adorável e tinha um ar tão frágil. Se eu pudesse fazer alguma coisa, queria ajudar.

Olhei-a quando se encostou ao meu peito e deixei a cabeça cair em cima da sua, cheirando o seu cabelo. Cheirava bem, cheirava mesmo bem, ainda por cima era viciante. Mordi o lábio quando voltei a sentir uma dorzinha por causa da ferida e levantei a cabeça de novo para conseguir falar. Respirei fundo, ou tentei, porque era bastante dificil - há, mas ela não me deixa. Precisa de dois pulmões, desde que seja compatível. - olhei para o lado vendo um vulto.

Mordi o interior da bochecha quando senti o Kenneth todo encostado a mim. Ele.. estava a cheirar-me o cabelo? Continuei sossegadinha com a minha cabeça deitada no ombro dele e atirei aquele pano já todo sujo para o chão, aproximando outro da ferida para tentar estacar o sangue - Porque é que ela não te deixa? - suspirei quando vi o outro a aproximar-se de novo mas ignorei - Qualquer pessoa pode fazer os testes de compatibilidade?

Gemi baixinho quando ela tirou, para voltar a pôr novamente a mão e fechei os olhos durante uns segundos - porque diz que não quer os meus pulmões, quer eu seja compativel ou não - disse baixinho e assenti à sua pergunta só abrindo os olhos quando vi o outro mesmo ao pé de nós. Sem me lembrar das dores, coloquei uma mão à frente de Summer enquanto o olhava.
-Estamos a libertar um - disse ele meio contrariado ainda com a mão a apontar para nós. Olhei para Summer e depois para ele - vais tu, estás ferido - juntei as sobrancelhas e abanei a cabeça.
-Não vou.

- Eu quero fazer. - disse assim que o Kenneth confirmou que qualquer pessoa podia fazer os testes - Vale a pena tentar. - disse com um encolher de ombros, sorrindo levemente. Olhei para o outro quando disse que ia soltar uma pessoa e voltei a olhar para o Kenneth quando disse que não ia - Precisas de ir urgentemente ao médico, não sejas teimoso e vai.

Levantei o olhar para Summer e só por ter dito que ia fazer os testes eu tive mais certezas de que não ia. - Eu não vou, vai tu, eu fico aqui. - disse vendo o homem começar a ficar mais nervoso.
-Eu mandei-te a ti - gritou-me apertando a pistola na mão e eu revirei os olhos, eu detestava que me gritassem, que me batessem, que me empurrassem.
-Mata-me. - gritei-lhe com um revirar de olhos só depois fazendo uma careta com dores. - Eu não vou embora sem ela.

- Eu não vou embora sem ti. - disse ao Kenneth quando ele disse para me ir eu embora. Olhei para o outro maluco e meti-me quase toda à frente do Kenneth, o máximo que conseguia sem o magoar e de maneira a continuar a pressionar o pano na ferida dele. Voltei-me para o Kenneth de novo e suspirei, olhando-o nos olhos - Eu fico bem. Sai, precisas de ir ao médico, ainda morrer aqui por perda de sangue. - mordi o lábio.

Abri os olhos para a ver mais a ela do que à arma que estava apontada para mim, ela tinha-se metido à minha frente? A sério que a anã estava a proteger-me? - Não sejas teimosa, eu já disse que não vou - não ia sem ela, sabia lá o que é que os outros lhe podiam fazer, ainda por cima ela era respondona, eu sabia muito bem o que se apetecia fazer sempre que ela respondia, eu também não era nem sou flor que se cheire. O homem já começava a ficar desesperado pelo que deu meia volta começando a ir para mais longe.

Segui com o olhar o homem enquanto ele se ia embora e só quando saiu do meu campo de visão é que voltei a olhar para o Kenneth - Porque é que não foste? Estás ferido, precisas de ir ao médico. Eu ficava bem. - suspirei e levantei-lhe a camisola devagarinho para colocar o pano mesmo em contacto com a ferida que continuava a sangrar - Devias ter ido. Agora vais ficar aqui mais não sei quanto tempo a perder sangue.

Olhei-a quando me voltou a perguntar porque é que não tinha ido, porque ela ficava bem - não ficavas nada - disse abanando a cabeça, deixando-a cair no seu ombro. Fiz uma careta quando a senti mexer na zona ferida e abanei a cabeça - eu não vou morrer, tenho sangue que chegue para encher este chão, ainda não perdi assim tanto - achava eu. Vamos sair daqui mais tarde ou mais cedo.

Encostei a minha cabeça à dele quando a deitou no meu ombro e continuei a passar o pano pela ferida que a bala lhe tinha feito - És tão teimoso. - abanei a cabeça e suspirei - Podias uma vez na vida fazer o que eu te peço. Uma vez. - antes de me conseguir controlar muito bem, dei-lhe um beijinho na testa - Aquilo da tua irmã, quero saber como posso ajudar.

Revirei os olhos quando disse que era teimoso mas tive que os fechar, só doía a sério quando ela mexia, porque se eu ficasse quietinho quase não sentia nada, só dormencia como a que estava a sentir agora. - Eu não gosto de fazer o que me mandam - disse num tom baixo Abri os olhos quando senti um beijo na testa e olhei-a. eu devia estar a começar a alucinar por causa da perda de sangue, por isso nem liguei muito - Podes ajudar fazendo o teste para ver se és compatível - murmurei.

- Mas uma vez na vida podias fazer. - abanei a cabeça e deixei-me estar encostada a ele, passando com cuidado o pano pela sua ferida - Isto não está a dar em nada, tens de ir ao hospital. - suspirei enquanto olhava para a ferida do Kenneth - Eu quero fazer isso. - disse-lhe - Quando sairmos daqui, eu vou fazer isso.

Abri os olhos para ver a ferida quando disse que não estava a dar com nada e comecei a ficar ligeiramente mais preocupado, talvez já começasse a perder demasiado sangue. -Queres? - perguntei um bocado surpreendido. Levantei o olhar para ela mordendo o lábio - ajuda-me a levantar - pedi, nunca na vida lhe tinha pedido alguma coisa e não queria, mas não me conseguia levantar sem ajuda.