Ruas

Correspondi ao seu beijo tentando não me rir da sua pressa toda e abracei a sua cintura com um dos braços, levando o outro à sua face.

- Não faz mal... - Sorri, fingindo que aquilo não tinha acontecido.
- Apetece-me ir às compras, queres vir? - convidei.

Agarrei no seu papel e olhei o mesmo vendo-a ir embora, olhei o chão e abanei negativamente a cabeça. És mesmo idiota April...
Agarrei na minha mala e segui para as compras sozinha.

Bufei tentando aliviar os músculos da tensão que tinham e cruzei os braços à espera que o autocarro viesse. Tinha um monte de gente à minha frente e era pequena o suficiente para não ver nada à minha frente. Com a mala às costas passei as mãos pelos meus braços congelados e saltitei tentando manter-me quente. Quando o ouvi sorri levemente para as pessoas não pensarem que eu era maluca e tentei entrar no autocarro, mas infelizmente fui praticamente a última, esta gente não me sabia ver era tudo ao molho e... qualquer coisa nunca fui muito boa com ditados populares.

-Entra. - murmurei com o meu tom habitual frio. Bebi mais um gole do meu café e fiz sinal á rapariga para entrar. - Miuda anda que ainda perco o autocarro ás tuas custas. - revirei os olhos colocando uma mão minha quente por cima do seu ombro para a empurrar levemente.

Fiz uns movimentos com os ombros para que quem quer que me estivesse a agarrar me larga-se.
-Larga-me - resmunguei - Estou a entrar, não é do nada que perdes o autocarro - resmunguei entrando e ficando a olhar para os lugares. Porque é que eu me atrasei? Este ia sempre cheio.

-Ok- resmunguei acabando por largá-la, soltei um suspiro e depois entrei mostrando o passe ao senhor. Segurei-me numa das cadeira e fitei a rapariga que me parecia bonita, a verdade é que já a tinha visto uma ou duas vezes no autocarro. - É melhor agarrares-te ainda cais. - desviei o olhar do dela e tirei o ipod colocando apenas um auricular.

Suspirei olhando em volta vendo se havia mais algum banco, mas nada, nulo, zero. Agarrei-me a uma cadeira tal como ele tinha feito mas mesmo assim com uma travagem um pouco mais brusca caí contra ele. Olhei-o com os olhos arregalados. - Desculpa, desculpa - pedi fazendo uma careta - Desculpa. - voltei a agarrar-me. Porra, porra, porra, ainda o matas!

Soltei uma gargalhada muito leve. - Eu disse - murmurei e segurei-lhe pela cintura largando-a logo. - deixa estar, mas tem cuidado para a próxima miuda. -olhei para ela, e saí na paragem para ir para a universidade. Mal saí do autocarro tirei de lá o meu masso de tabaco e procurei o isqueiro por toda a mochila. - Fuck...-murmurei.

Tentei não ligar ao facto de ele me estar sempre a chamar miúda e saí na mesma paragem que ele. Afinal até o conhecia de algum lado, mas não me estava a lembrar. Olhei-o discretamente e tirei da minha mala a coisa que ele procurava. Olhei para o meu isqueiro de estimação e suspirei mandando-lhe para as mãos dele. Continuei a andar com as mãos nos bolsos do meu vestido.

Coloquei o cigarro na boca e acendi-o. - Toma miuda, obrigado. - murmurei passando-lhe o isqueiro para as mãos. Absorvi o fumo e travei-o antes de o expelir, repeti o processos varias vezes até acabar com ele e depois deitei-o no chão pisando-o.

Senti o isqueiro de novo na mão e coloquei-o no bolso olhando, depois para ele irritada.
-Pára lá de me chamar miúda -reclamei - É Brianna. - suspirei cansada e ainda era de manhã.

-Ui, não se assanhe. - murmurei e olhei para ela.Que eu saiba não lhe perguntei o nome, revirei os olhos, tenhos de começar a ser mais simpático. - Sou o Bryan.- informei-a sem esboçar nenhum sorriso e comecei a andar lentamente para ver se ela me apanhava.

-Não me queiras ver assanhada - disse vendo-o a diminuir o passo e olhei para ele que era todo jeitoso. Sorri levemente quando ele se apresentou. - Agora esforça-te para sorrir mais - brinquei continuando a andar ao meu passo e ultrapassando-o.

-Ui, estou cheio de medo. - gozei com ela e aproximei-me mais dela. - Vou tentar. - murmurei sem mudar a minha expressão de rosto. Acelarei ainda mais o passo passando por ela com um sorriso gozão estampado no rosto. Subi as escadas praticamente a correr e entrei na universidade.

Revirei os olhos quando aquele parvo começou a subir as escadas tão rápido que parecia que estava a correr. - Até parece que estás com medo. - murmurei apenas para mim. Ao contrário deles desci as escadas até ao meu sitio secreto onde deixava os meus trabalhos e desenhos e só depois subi indo para a sala de artes.

Entrei na sala de aula pouco tempo depois, ela ainda estava vazia suspire e tirei os meus esboços para cima da mesa começando a desenhar mais um prédio. Coloquei um cigarro na boca e revirei os olhos. - Também és muito esperto.. - murmurei vendo que não tinha isqueiro. Agora é que precisava da loirinha...como é que ela se chamava? Bruna?

Coloquei a minha pasta para cima da mesa e ouvi alguém atrás de mim. Virei-me lentamente e fiz uma careta. A sério? Ele era da minha aula de artes? Vi-o de novo com o cigarro na boca e fiz uma careta. Ele era burro ou tinha memória curta? Mandei-lhe de novo o isqueiro tendo alguma pontaria para a mesa e sentei-me sem lhe dizer nada.

Acendi o cigarro novamente e não desviei o meu olhar do esboço. - Obrigada Brianna.. - murmurei lembrando-me do nome. FIgura de estupido já não passei, , peguei em carvão e comecei a passar pelo esboço, esborrantando aquilo tudo dando um ar mais profissional.

-Não agradeças. - suspirei começando a desenhar uma coisa ao calhas e apercebendo-me que era uma mais uma ilustração de uma prancha qualquer que já tinha feito. Bufei deitando o lápis para cima da mesa. Não estava com imaginação para nada.

Caminhei discretamente para trás dela e espreitei o que fazia, expeli o fumo para o lado contrario dela e peguei no seu desenho e no seus lapis desenhando umas linhas dando ao desenho um ar melhor, sorri friamente para ela sendo algo cinico. Aproximei-me da janela acabando o meu cigarro e atirando-o para fora, hoje ia ter de fumar menos que um maço visto que nao tinha isqueiro e não ia andar sempre a pedir a miuda.

Resmunguei baixinho enquanto ele pensava que fazia uma grande coisa. Que estúpido arrogante, peguei no meu desenho e olhei-o imitando-lhe o pedido.
-Deves pensar que fizeste uma grande coisa - resmunguei ficando ligeiramente amuada.