Campos de Basquete

- É mentira? - perguntei com um revirar de olhos quando ele falou todo irónico. De repente tinha perdido o sono todo, só esperava que logo não me voltasse o sono, logo é que não podia ser. Passei a rede para o campo de basquete e andei com cuidado para não cair por causa dos saltos - É melhor manteres as bolas no sitio. Só um conselho.

Encolhi os ombros quando perguntou se era mentira.
-Isso pergunta-se? Não te vês ao espelho? - perguntei - partiram-se? - Sorri encestanto e fui de novo buscar a boca rindo-me depois pela maneira como ela me falou. - Uh, I'm a bad bad girl! - gozei fazendo um olhar semicerrado.

- Não. Partir espelhos dá azar. - mexi no cabelo e deixei cair a minha mala no chão, descalsando-me de seguida antes que caisse e partisse o pescoço. Aquilo era má ideia porque ficava muito mais pequena mas pronto - Really bad. - disse atirando-lhe a bola das mãos.

-É por isso que ficas presa no chão - perguntei com um sorriso - é por causa do teu azar? - levantei as duas sobrancelhas quando ela começou a vir na minha direcção e ainda me tirou a bola. Não consegui evitar não me rir com o seu ar presunçoso. - Tu metes piada.

- Isso é falta de sono. - disse com um encolher de ombros e mandei a bola ao cesto, acertando no mesmo - Obrigada, estou a pensar ir trabalhar para o circo por acaso. - fui buscar a bola e atirei-lha de novo.

-Falta de sono? - afastei-me para a olhar de alto a baixo mesmo descaradamente e mordi o lábio com um sorriso perverso - então? Quanto é que levas? - perguntei espreitando para o seu rabo e agarrei na bola quando me atirou - acho que estás muito bem na profissão que estás.

Olhei para ele quando começou com aquilo e abanei a cabeça - A meninos como tu cobro mais. - disse com um sorriso cinico. Atei o cabelo no alto da cabeça como fazia quando ia para o ballet e apontei para o cesto - Anda lá.

Ri-me encestando e cruzei os braços à espera que ela fosse apanhar a bola. Fiquei a olha-la de sobrolho levantado.
-Meninos como eu gostavas tu de ter - disse - somos meninos mas bons - falei com convicção. - mexi as sobrancelhas com um sorriso.

Fui apanhar a bola e voltei a driblar para o sitio onde ele estava - Conheço muitos meninos como tu. - disse-lhe enquanto o olhava de alto a baixo. Saltei e atirei a bola ao cesto - Quem te dera ter meninas como eu. - disse com um sorriso convencido.

Fiquei quieto enquanto ela se aproximava e acabei por revirei os olhos.
-Eu já tive, três vezes arraso com todas - disse num tom extremamente irónico que podia ser entendido de várias maneiras e fui a correr até à bola encestando mais uma vez. - Por isso não precisas de te fazer de má e vai lá dormir se te falta o sono

Encolhi os ombros com aquilo que ele disse - Comigo não arrasas. - disse-lhe com um sorriso. Fiquei a olhar para ele enquanto encestava a bola e fiz uma careta quando me mandou ir dormir - Agora já me passou o sono. Só logo.

Voltei a ir buscar a bola e dei uma corridinha enquanto a olhava-a e a ouvia falar.
-Esse teu trabalho ainda te vai matar um dia - gozei encestando mais uma vez e ficando a olha-la de braços cruzados deixando a bola rolar. - Mas estás feia - disse com uma cara triste - estás com olheiras e a tua maquilhagem está toda estragada. - sorri-lhe.

- No máximo vou presa. - disse-lhe com um sorriso cinico. E era aquilo. Não andava na prostituição mas andava em corridas ilegais. Se fossemos descobertos eu podia era ir parar à prisão. Semicerrei os olhos quando ele disse que eu estava feia e tapei a cara com as mãos - Então não olhes. Até feia consigo ser bonita. - disse com um ar convencido.

Ri-me abanando a cabeça, tinha muito a mania que era rebelde. Driblei a bola sem vontade começava a ser cansativo não haver um clube para se poder jogar um jogo de jeito. Levantei o olhar de novo para a gaja e fiz uma careta enojada, que era pura e simplesmente destinada a irrita-la. - Isso é uma figura de estilo que nem existe, estar feio é estar feio não há paradoxos assim. - inventei.

Revirei os olhos e sentei-me no chão do campo de basquete. Sentei-me à chinês e coloquei as mãos no chão para me apoiar enquanto o olhava - Mesmo com olheiras e maquilhagem borrada consigo ser bonita. - disse com um encolher de ombros e estiquei-me até ao sitio onde estavam os meus sapatos para me calçar - Mas sim, vou dormir. A tua presença dá-me sono. - disse-lhe com um sorriso muito cinico.

Espreitei para o seu decote descarada e fiz uma careta.
-Vocês precisam de usar lingerie? - provoquei-a - pensava que as de rua era só... - calei-me antes que levasse com um sapato e mesmo antes que ela tivesse essa ideia agarrei nele mandando apenas com uma mão a bola ao cesto. - Óptimo, dorme bem princesa rebelde - disse num tom irónico.

Revirei os olhos com o comentário dele e tive de morder a lingua para não me rir. Levantei-me só com um sapato calçado, uma vez que ele estava com o outro, e aproximei-me dele - Preciso do outro. Não tenho perfil para Cinderela. Princesa rebelde é mesmo muito mais adequado. - puxei a minha camisola para baixo, deixando o decote maior e encolhi os ombros - Os meus clientes preferem ter o que despir.

Ri-me dando-lhe o outro sapato com cuidado para não lhe acertar na cara e empoleirei-me na tabela depois de ter encestado, como aquilo não se partia do nado comecei a balançar-me.
-Tens um bocado a mania que és rebelde não tens? - gozei semicerrando os olhos - E eu a pensar que eras tu a tentar ser sexy - disse olhando para lá.

Fiquei a olhar para ele quando se empuleirou e baixei-me para calçar o meu sapato - E tu tens um bocado a mania que és macaco. - desprendi o cabelo do carrapito e ajeitei o mesmo - Eu sou sexy com ou sem lingerie. - disse-lhe com um encolher de ombros. Baixei-me para pegar na minha mala e voltei a olhar para ele - Foi um prazer. Obrigada pela ajuda.

Saltei para o chão olhando para o ferro e encolhi os ombros.
-Nós descendemos deles não é? Não tem mal nenhum - disse rindo-me do que ela disse logo a seguir - claro, não me faças rir a estas horas. Ainda é muito cedo - olhei para mala dela e fiz uma careta abanando a cabeça - mas eu nem sequer te despi, não tive prazer nenhum - queixei-me indo buscar a boca. - De nada.

- Fica para a próxima, então. - disse-lhe com um sorrisinho enquanto lhe dizia adeus com a mão. Virei costas quando ele foi apanhar a bola e voltei a passar a rede do campo de basquete, para ir para a ruazinha e voltar para casa onde ia ter uma mãe aos berros e felizmente, a minha cama.