Restaurante

Ele nunca vai gostar de ti...
Suspirei e fechei os talheres, indicando que já tinha acabado de comer.

Olhei-a.
- Queres sobremesa? - perguntei.

- Não, obrigada...
Disse sem o olhar.

Ela estava estranha...
Pedi a conta e paguei ao empregado; saímos do restaurante ficando na porta do mesmo.

Suspirei e ganhei coragem para olhá-lo.
- Ahm... obrigada pelo jantar...

Aproximei-me dela.
- Vamos dar uma volta... - pedi.

- Tudo bem...
Concordei, encolhendo os ombros.

- Estás estranha...
Comentei aproximando-me dela.

- É impressão tua...
Menti, sorrindo levemente.

Tretas --'
- Onde queres ir?
Perguntei.

- Podíamos ir ao bowling?
Perguntei, olhando-o.

Assenti sorrindo.
Levei-a no meu carro até ao mesmo.

Fomos no carro dele e em pouco tempo chegámos ao tal restaurante.
- Obrigada. - disse quando me abriu a porta e entrei com ele logo atrás de mim.
Sentámos e ficámos algum tempo a olhar para o menu. Dei uma pequena gargalhada com a sinceridade dele. - Por mim é lasanha, não sei é se gostas. - sorri e fechei o menu.

Assenti com a cabeça e esperamos que o empregado viesse.
- Para mim é um ice tea de limão. - sorri-lhe, parecia que tínhamos os mesmos gostos. - Pensei que bebesses cerveja. - meti conversa.
Acho que nenhum de nós sabia o que dizer naquele momento.

Ri-me com o que ele disse mas era verdade, ele era especial. Assim como o meu irmão nunca se tinha dado antes com um rapaz que eu levava a casa como se dava com o Keith, eu nunca tinha sentido isto por outro rapaz. Ele era mesmo especial para mim e eu começava a ter um bocado medo disso, principalmente medo que ele não retribuisse esse sentimento. Sorri quando comecei a ver o restaurante ao fundo da rua e encostei-me mais a ele - Vai ser um jantar romântico? - perguntei na brincadeira - Com velas e rosas e depois vamos dormir agarradinhos? - perguntei com um beicinho.

Toda a gente pensava que eu era o maior engatatão do sitio quando isso não era verdade. Até ela pensava isso. Sim, ja tinha ficado com raparigas só para sexo, mas depois nunca mais as voltava a ver e só fazia isso quando tinha a certeza que elas desapareciam logo. Mas quando gostava de alguém a sério eu não fazia as coisas só para "engatar" alguém. Sorri quando ela me perguntou se ia ser um jantar romântico - não gostas de lamechices? - perguntei abrindo-lhe a porta do restaurante.

Sorri quando o Keith me abriu a porta e entrei à frente dele - Gosto, de vez em quando sim. - apesar de fingir que não era muito dada ao romantismo, é claro que gostava dessas coisas e ainda gostava mais que fosse com ele. Segui um empregado que nos conduziu até uma mesa vazia ao pé da janela e assim que me sentei, olhei para ele com um sorriso - É giro ter coisas lamechas de vez em quando. Tens uma prenda para mim também? - perguntei rindo-me a seguir.

Fiz um sorriso trocista quando disse que gostava de vez em quando, mas não disse nada. Olhei a janela quando me sentei vendo que já estava praticamente de noite e a minha fome cada vez apertava mais. Virei a cara para ela com um sorrisinho - por acaso não tenho, mas posso improvisar - brinquei agarrando numa rosa que estava no jarro à minha frente espalhando pétalas pela mesa e depois peguei na outra dando-lha com um sorriso parvo.

Olhei-o com um meio sorriso assim que disse que não tinha nenhuma prenda mas podia arranjar e ia perguntar-lhe o que é que me ia dar quando o Keith agarrou numa das rosas à nossa frente - O que é que vais fazer? - ri-me assim que o vi a colocar as pétalas da rosa na mesa e estiquei-me para uma das mesas ao pé de nós onde estava uma vela acesa e coloquei-a na nossa mesa. Mordi o lábio inferior assim que ele me estendeu a outra rosa e como não tinha espinhos, coloquei-a no meu cabelo - És mesmo romântico. - disse-lhe com um sorriso - Obrigada pelas prendas, Kitty. Eu depois também tenho uma para te dar. - pisquei-lhe o olho ainda a sorrir.

Sorri depois de dizer que era romântico e dei-lhe uma festinha na mão. - É uma qualidade escondida - brinquei. Para além de ser romântico apaixonava-me demasiado rápido, o que já se podia notar com Jessica. Só não via quem não queria, até um cego podia notar que eu já estava totalmente caídinho, só não conseguia perceber se ela sentia o mesmo por mim, mas como normalmente isso não acontecia, não tinha muitas expectativas - que vais comer? - perguntei

Baixei o olhar para as nossas mãos assim que senti a do Keith a passar pela minha e sorri quando levantei novamente o olhar para ele - Não sei. - agarrei na ementa e abri a mesma, ainda com a minha mão debaixo da dele. Eu gostava, fosse qual fosse o toque dele, se fosse dele, eu gostava. E isso era tão estúpido porque ele nunca ia gostar de mim, não assim como eu gostava dele - Talvez o esparguete à carbonara. - olhei para o Keith por cima da ementa e mordi o lábio inferior mesmo por ele não ver. Só de olhar para ele ficava com os calores e as borboletas na barriga - E tu? - e estarmos num jantar romântico não ajudava a que não me sentisse assim por ele.

Eu comia o que fosse preciso, estar com ela já valia a pena. Eu era tão cobarde por não conseguir dizer-lhe o que sentia. Mas quando o demonstrava ou confessava, elas iam embora, todas. Ela não ia ser excepção, mais tarde ou mais cedo ia ter que ir. Sorri quando me olhou olhando para o menu que estava de costas para mim - pode ser o mesmo, não gosto de escolher a comida - sorri levemente

Baixei o menu depois do Keith dizer que ia pedir o mesmo e mordi o lábio inferior enquanto olhava para ele. Começava a ser impossível de negar o que quer que fosse, de negar o que eu sentia por ele e só de olhar para ele, já queria saltar-lhe para cima e não tinha de ser sexualmente, credo, não o queria só para sexo. Queria ficar encostada a ele a beijá-lo e dar-lhe mimos e falar com ele, mesmo sobre coisas estúpidas sem sentido. Já estava tão apaixonada por ele que ter aquela mesa a separar-nos me deixava com a barriga às voltas - Então escolhes tu a sobremesa. - disse-lhe com um sorriso para tentar afastar aqueles pensamentos.