Clinica Mayo

Tinha que estar atento aos barulhos do carro se aparecesse alguém de repente antes de eu ir. Olhei para as janelas para ver se dava para sair sem me ver e acabei mesmo por espreitar para baixo, ele ia assustar-se, mas passava-lhe - eu não quero que ela me veja, por isso não digas que estive aqui, está bem? - perguntei-lhe - não gostas de aprender a tocar piano?

Olhei para o Keith e ri-me, dizendo que sim com a cabeça - Está bem. A mana também não quer que eu diga quando ela vem cá ter comigo. - disse com um sorriso e encolhi os ombros de seguida - Gosto mais de poder brincar com a mana. - meti-me em pé no sofá e apontei para a janela - A mãe vem ai.

Sorri levemente quando disse que gostava mais de poder brincar com a mana - ela também gosta de brincar contigo. - Arregalei os olhos quando ele disse que a mãe vinha aí e dei-lhe um beijo rápido na testa levantando-me até à janela - até amanhã - disse baixo e abri a janela, felizmente aquiilo não era alto. Saltei para o jardim e esperei até ouvir a outra entrar em casa para depois me pôr a correr até à minha.

- Eu sei. - disse com um sorriso, apertando o urso contra mim enquanto me mexia de um lado para o outro. Voltei a rir quando o Keith disse que ia embora e sentei-me no sofá a olhar para ele enquanto saia pela janela. Encolhi os ombros com um sorriso e apaguei a televisão porque estava na hora do piano.

Saí irritado de casa e peguei na bicicleta visto que era o único meio de transporte em que eu conseguia andar. Agora estava irritado comigo por ser um inútil e não conseguir sequer andar num táxi, e ainda por saber que a minha irmã me devia estar a odiar neste momento. Mas era isso que eu fazia, eu fazia com que as pessoas me odiassem. Pedalei o mais rápido que pude até ao hospital e quando lá cheguei prendi a bicicleta. Entrei e fui até ao quarto onde estava Jess.

Olhei para a porta com uma sobrancelha levantada quando vi o Keith entrar com cara de chateado. Se calhar tinha visto a minha mãe e ela tinha sido uma cabra com ele. Ela era sempre assim ele não podia levar isso a peito - Keith, estás bem? - perguntei preocupada e cheguei-me mais para a ponta da cama para que ele tivesse espaço para se vir deitar novamente ao meu lado - O que é que se passou?

Olhei-a quando me perguntou se estava bem e tentei pôr uma cara mais feliz, mas acho que era impossível agora. - O teu irmão está bem - disse-lhe sentando-me na ponta da cama passando os dedos pela sua mão - tive que sair de tua casa pela janela antes que a tua mãe me apanhasse - encolhi os ombros. - e depois encontrei a minha irmã a dar abrigo à pessoa que a levou a uma depressão - mordi o interior da bochecha - também tenho grande culpa nisso - disse já mais baixo como se estivesse a falar para mim - foi só isso. Acho que ela me odeia mais um bocadinho do que antes, agora - encolhi os ombros - nada de mais.

Abri a boca para falar mas não consegui dizer nada porque o Keith disse logo tudo de seguida - Calma. - pedi entrelaçando os nossos dedos uma vez que ele tinha a mão ao pé da minha - Gostava de te ter visto a fugir da janela de minha casa. - disse com um meio sorriso e abanei a cabeça com o que ele disse a seguir, sobre a Summer, apesar de eu não estar a perceber muito da conversa - A tua irmã não te odeia, Keith. - revirei os olhos - Ela adora-te. Mas agora explica-me com calma o que aconteceu.

-Foi um momento bastante hilariante - disse deixando a minha cabeça cair nos ferros da cama de hospital. Fechei os olhos e passei uma mão pela sua, agarrando-a. - Neste momento ela odeia-me - murmurei - e tem razões - olhei-a. - Ela andou a passar um mau bocado e eu não reparei, sofreu bullying de uns putos lá da escola dela, incluindo aquele estupido nojento do Kenneth - mordi o interior da minha bochecha com força cerrando de seguida o maxilar - ela começou a cortar-se e.. agora está a proteger esse Kenneth e a irmã ou lá o que é.

Ri-me com o que ele disse e passei a pontinha dos dedos pelo seu cabelo assim que deixou cair a cabeça para a cama e fiquei a ouvir o que ele me estava a contar sobre a irmã, sem estar à espera daquilo - A tua irmã não te odeia, ela pode estar magoada contigo mas não te odeia. - suspirei pensando numa maneira de dizer aquilo mas acabei mesmo por dizer o que pensava - Quando conheci a tua irmã eu gostei logo dela. Ela foi uma cabra mas estava a proteger-te e apesar de esse lado dela, vê-se que ela se preocupa. Ele pode ter-lhe feito mal mas ela preocupa-se e se o quer ajudar e à irmã não podes impedir, Keith. Eu sei que a queres proteger mas não é a proibi-la de estar com as pessoas que fazes isso.

Encolhi os ombros, entre odiar-me e estar magoada não sabia o que era pior, sabia era que me estava a odiar a mim mesmo por ser um cabrão, que era mesmo assim que se dizia. Olhei para Jess quando começou a falar e mordi o interior da bochecha com força antes que as emoções viessem todas as de cima e eu virasse um rio - eu só não o posso perder - disse - se ela se preocupa tanto com ele é porque gosta dele e se ele volta a fazer-lhe alguma coisa... - abanei a cabeça e escorreguei pela cama até me encostar ao seu pescoço. - Se ele lhe faz alguma coisa eu parto-lhe o pescoço.

- Não a vais perder. - puxei-o mais para mim e dei-lhe ume beijinho na testa - Se a tua irmã depois de tudo o que ele lhe fez, está a ajudá-lo, é porque alguma coisa mudou. Ele pode ter feito porcaria no passado mas agora estar diferente. - encolhi os ombros porque não sabia o que estava a dizer, eram apenas suposições - Não podes colocar a Summer numa redoma de vidro e impedi-la de se dar com as outras pessoas. Se ele a voltar a magoar, podes partir-lhe o pescoço, se bem que acho que vai ser ela a fazer isso. - disse com um sorriso - E vais estar lá para a ajudar a ultrapassar. É isso que tu tens de fazer.

Encostei a minha cabeça ao seu pescoço tentando não a magoa-la e respirei fundo. Mesmo que ele tivesse melhorado, ela devia odiar-me neste momento, era nisso que estava a pensar. Mordi o interior da minha bochecha e olhei para Jess - conta-me quem é que te fez isto - pedi, estava a mudar radicalmente de assunto, bem, no fundo até não. Eu partia o pescoço ao Kenneth se ele fizesse mal à minha irmãs também ia partir o pescoço e os ossos todos do corpo do Peter, ou quem quer que fosse o gajo.

Continuei a passar a pontinha dos meus dedos pelo cabelo do Keith assim que ele ficou calado e eu sabia que estava a pensar em coisas que não devia, mas assim que ele perguntou quem é que me tinha feito aquilo é que suspirei - Chama-se Peter e foi meu namorado. - encolhi ligeiramente os ombros porque ainda me doia se me mexesse muito - Foi o que me traiu com uma nojenta depois de me pedir em casamento e que eu deixei. Pelos vistos ainda me ama perdidamente e se não me pode ter, ia assegurar-se que ninguém me queria.

Suspirei quando ela me disse praticamente o que já sabia e passei os dedos pelo seu cabelo enquanto a olhava - eu quero-te - murmurei baixando-me até beijar os seus lábios - há muito tempo - sorri um bocadinho e encostei a minha testa ao seu ombro voltando a deitar-me - onde é que ele vive? - perguntei - diz-me. Eu não me vou meter em confusão, só quero falar com ele.

Sorri com o que o Keith disse e assenti com a cabeça, beijando-lhe os lábios devagarinho - Eu sei. - encostei a minha cabeça ao peito dele com cuidado e suspirei com o que ele continuou a perguntar e a pedir que eu dissesse - Eu não sei. Ele já não mora no mesmo sítio por isso não sei onde é que está agora. Ouvi dizer que ele tinha ido uns tempos para os EUA por isso não faço a minima de onde esta a viver agora.

Cerrei o maxilar respirando fundo e voltei a deitar a cabeça na almofada ficando a olhar para o teto durante alguns minutos. - Eu vou encontra-lo - murmurei. Levantei a cabeça quando a porta se abriu.
-Boa noite - cumprimentou o médico. - Vamos fazer alguns exames, já tenho uns medicamentos para diminuir as dores, se estiver tudo bem vou dar alta.

- Keith, não quero que o encontres, quero que esqueças isto. - disse-lhe com um suspiro e passei os meus dedos pela sua bochecha - Preocupa-te em fazeres as pazes com a tua irmã que isso é que interessa, não é mais nada. - olhei para a porta assim que a mesma foi aberta e sorri quando ouvi o que o médico disse sobre os medicamentos e a alta apesar de saber que não podia ir para minha casa neste estado, mais por causa do meu irmão do que de outra pessoa qualquer naquela casa.

Quando o médico se foi embora, depois de dizer que ia chamar uma enfermeira aqui para a levar para os exames, eu virei-me de novo para ela - eu não consigo esquecer - disse-lhe - eu não vou deixar que esse gajo te bata e quase te mate, eu vou tortura-lo até ele decidir deitar-te em paz - cerrei o maxilar respirando fundo de seguida - vais para minha casa. - disse sabendo que ela não podia ir para casa dela.

Suspirei quando o Keith continuou a insistir e abanei a cabeça - Não vai adiantar de nada e já chega de falar nisto. - resmunguei enquanto me tentava sentar na cama antes da enfermeira vir, o que ainda me custava fazer mas já não era assim tão difícil o que só podia significar que não tinha nada partido e que não estava assim tão mal - Achas boa ideia? Não quero chatear-vos e tu e a tua irmã precisam mesmo de se resolver.

Encolhi os ombros, ela não me dizia nada. Também não precisava eu havia de o encontrar, ele voltaria a aparecer e quando isso acontecesse eu ia parti-lo em pedaços. Fiquei a olhar Jess à medida que ela se sentava, preparado para a agarrar caso ela perdesse forças e sorri ao perceber que ela estava a ficar melhor. - Podemos resolver as coisas contigo lá e para além disso só lhe falo quando o gajo estiver fora de minha casa.

Revirei os olhos por o Keith ser tão chato e casmurro mas não era só comigo, era com a Summer também - Está bem, chatinho. - estiquei-me para lhe dar um beijinho e consegui fazê-lo antes da enfermeira entrar no quarto por causa dos exames para saber se já me podiam dar alta ou ainda não.
- Os resultados agora são rápidos, é só esperar um bocadinho. - disse ela saindo depois de me fazer tudo o que tinha a fazer.

Fui sentar-me para que ela e a enfermeira fizessem tudo o que tinham que fazer e enquanto isso fui olhando para o seu corpo todo marcado. Abanei a cabeça respirando fundo, ele ia pagar-mas tão caro. Levantei-me depois da enfermeira ter dito que os resultados eram rapidos e ter saído e fui passar as mãos pelos seus ombros beijando-lhe os lábios - vais ver que vais conseguir ir para casa.

Encostei-me ao peito do Keith e assenti com a cabeça com o que ele disse, sorrindo ao mesmo tempo - Só quero passar o dia na cama contigo. - dei-lhe um beijinho no maxilar com um sorriso - Depois de fazeres as pazes com a Sum. - acrescentei fazendo-lhe cara de má - Tens de ficar bem com ela, Keith. - disse com um suspiro e voltei a deitar-me na cama devagarinho para não me magoar enquanto esperava que os resultados chegassem.

Sorri beijando-lhe os lábios e ajudei-a a deitar-se puxando as mantas para cima do seu corpo enquanto esperavamos pelo resultado - eu vou ficar bem com ela, não estejas tão preocupada - disse-lhe não tendo bem a certeza, ela devia estar a odiar-me. Suspirei deitando-me ao lado dela, visivelmente cansado e abracei-lhe a cintura. - só espero que saias mesmo ainda hoje.